MENTIRA!
1. O "Mano Velho" do Paulo e da Catarina Portas.
Tinha uma especial simpatia pelo Miguel Portas. Era um gajo porreiro. Nem sempre concordei com as ideias que defendia - e ele, se me tivesse conhecido, também era capaz de não concordar com as minhas - mas ele era o "Mano Velho" de alguém. E não é possível substituir um "Mano Velho". A porcaria disto é que o irmão seguinte, passa a ser o "Mano Velho", como disse Paulo Portas. Eu também passei a ser a "Mana Velha" e é uma porcaria, porque eu gostava de ter uma "Mana Velha" que me defendia, que me tornava cool na escola, com quem eu podia ouvir a Madonna e traduzir as letras. A porcaria vem de eu ter de a "substituir" nessa incumbência de ser a "Mana Velha", mas não quero. Porque não sou eu! É alguém que já cá não está, que era única, que dava gargalhadas altas - tenho saudades mesmo das provocadas pela doença (quem me dera ouvi-las agora!). Não se pode substituir um "Mano Velho".
2. A minha professora de Yoga.
A Sílvia teve de deixar de dar aulas de yoga no sítio onde pratico por questões pessoais que eu percebo e admiro. Era aquela pessoa que se levantava muito cedo e guiava uma auto-estrada para cumprir o seu compromisso comigo, a sua única aluna da manhã. De vez em quando lá tínhamos companhia, mas a maior parte das vezes, às 8h da matina, Quartas e Sextas-feiras, lá estávamos as duas, ensonadas, a praticar yoga. Não vou deixar de o fazer, mas esta foi a pessoa que me passou o entusiasmo pelo yoga, pela filosofia de vida que traz consigo, pela mudança de perspectiva que se alcança. Explicou-me a espiritualidade da prática e puxou pelos meus músculos, encostou-os à parede para eu ver como é estar-se direita na Posição do Guerreiro. E é uma pessoa insubstituível porque foi a primeira pessoa que me abriu as portas do yoga, mais ninguém vai poder mostrar-me pela primeira vez e entusiasmar-me pela primeira vez. No início, dada a hora da aula, cheguei a faltar, mas há bastante tempo que não o fazia por me deixar adormecer, porque me mentalizava no dia anterior que, no dia seguinte, haveria uma pessoa que iria acordar muito cedo, fazer uma viagem algo longa, para me ensinar yoga, sendo que, comparecer, era o mínimo que eu podia fazer. E, acreditem que eu também acredito, ela não o devia fazer pelo dinheiro apenas. Não se pode substituir a primeira professora de yoga.
1 comentário:
Os nossos nunca são substituíveis. Eu acho que ainda bem, porque assim ficam as lembranças e a saudade.
Beijinhos.
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