Por incrível que pareça, esta música ficou-me no ouvido desde muito cedo. Talvez desde que tenha passado na rádio e eu tenha consciência de "eu gosto desta música".
Era mais uma daquelas músicas dos anos 80, de quando em minha casa, de manhã, a minha mãe fazia uma ginástica louca para nos vestir, dar de comer e despachar para a carrinha do colégio que já apitava à porta do prédio, interrompendo a sessão de rádio que ao mesmo tempo ia havendo.
Tinha o hábito de ligar o Sharp (ainda vindo de Moçambique), que ficava em cima do estirador do meu pai no corredor (que era onde ficava, por sua vez, o "atelier" dele). Como a casa era uma casquinha de noz amorosa, o som chegava a todo o lado e lembrava a minha mãe, através do que ia dizendo o locutor, que horas eram.
E esta canção devia passar na altura. Fiquei sempre com ela lá no fundo da memória, até um dia descobrir, numa outra sessão de rádio, essa muito tardia, com o sol quase a nascer, numa directa para as avaliações da faculdade, que esta era a música que trouxe mais fama a uma banda chamada Joy Division (nome que eu havia visto escrito nos casacos de cabedal dos "vanguardistas", uma espécie de punks lá da escola secundária, que andavam no 12º quando eu entrava para o 7º e que me metiam medo só por andarem todos vestidos de preto - mesmo nunca ter visto nenhum ser mau para niguém).
Durante muito tempo julguei a música alegre e esperançosa. Até perceber as letras.
Agora como vai sair o filme sobre a vida de Ian Curtis, lembrei-me outra vez.
3 comentários:
Já fui ver o filme. Lindo! Vão ver! Novo filme de culto, that's for sure!
O filme é do outro mundo!
Fui ver outra vez. O meu top 5 de melhores filmes foi alterado... err... o filme é mesmo bom... digo eu...
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