Depois das 22h de hoje, passarei a ser apenas uma potencial viajante e a minha relação com o aeroporto será como a de toda a gente. Foram 2 anos e meio aqui.
Em 2008, depois de ter arriscado uma mudança de empresa, tive o azar de ficar desempregada assim de repente, sem direito a apoios nenhuns. Saí de um trabalho que adorava para aproveitar uma oportunidade mais vantajosa e fiquei sem nada.
Agarrei-me a tudo o que pudesse fazer para me sustentar e numa troca de e-mails tive a oportunidade de ir trabalhar para a Alma Lusa do aeroporto. Tenho a dizer que adorei a experiência. Fiz excelentes amigos, gostei muito de dar a conhecer Portugal aos nossos visitantes e deu para aperfeiçoar as línguas: fiz uma colecção de "Obrigados" já bem interessante, ajudei pequenos artistas e artesãos e conheci o Fado.
Entretanto sucumbi aos horários difíceis de abrir a loja às 6h da manhã e saí para ir para outra loja, já que, entretanto, em design nada acontecia. Foram enviados centenas de curriculae e nada. Encontrei-me de novo desempregada, porque as lojas têm destas coisas, e em design, tudo na mesma.
Em 2011 voltei para a Alma Lusa. Não me custou nada porque na verdade fui voltar a trabalhar com amigos, o que não custa nada. Os horários entretanto melhoraram, fui para o turno da noite e fiquei lá até assistir ao encerramento da loja. Toda a gente acha incompreensível ter a Alma Lusa fechado ali, toda a gente gostava da loja, mesmo que confusa, e muitos visitantes perguntam por ela e pelos artigos que vendiam. E lá fiquei eu desempregada outra vez.
Mas como felizmente me dou bem com toda a gente, consegui ser aceite noutra loja também no Aeroporto. Ah claro, em design, mais curriculae e nada! Nem uma entrevista.
ATÉ AGORA!
Ao fim de 4 anos, apareceu a minha oportunidade! Vou arriscar de novo! Vou abraçar um projecto que me é muito querido, que é o espelho da minha vocação e vou agarrá-lo com unhas e dentes, com toda a força e não largo mais! Não quero voltar para trás de um balcão! É que se há sítios em que trabalhar atrás de um balcão é divertido e recompensador, há outros em que somos tratados como um número, um índice, e que tanto faz sermos a Luísa, a Joana ou a Isabel. Levei 4 anos longe do que eu gosto mesmo de fazer, do que eu sei fazer bem. Isto parece-me que é como os namorados: quando andamos à procura, não aparece nada; quando finalmente desistimos de procurar e nos resignamos, é que aparece o príncipe encantado que nos arrebata e nos faz levantar os pés do chão! Houve quem me ouvisse dizer que já não ia procurar mais trabalho na minha área.
Finalmente vai fazer toda a diferença ser a Luísa!
Senhores passageiros, apertem os cintos, a Luísa vai descolar. A tripulação deseja-vos uma agradável viagem.
Lift off!
